Monday, March 27, 2006

Uma Lição de Poesia, uma Lição de Moral

À memória de Paul Éluard

Estudaste a bondade aprendeste a alegria
Iluminaste a noite com a estrela
E o desejo com a necessidade

Comunicativo bom inteligente
Soubeste sofrer sem destruir a vida
Sem chamar pela morte

Soubeste vencer o íntimo lazer
As absurdas manias que a solidão instala
No coração virado na cabeça perdida

Soubeste mostrar o mais secreto amor
Numa alegria feroz perfeita pública
Capaz de provocar o ódio e a ternura

Em todas as frentes por ti passavam
Contra-atacaste repelindo o mal
Com pesadas perdas para o inimigo

E na miséria que subia aos rostos
Puseste a nú a resistência a esperança
E um futuro sorriso

Enquanto velhas feridas se fechavam
Tua Poesia abriu-se e hoje é comum
E transparente como os olhos das crianças

Hoje é o pão o sangue o direito à esperança
À esperança que é "um boi a lavrar um campo"
E que é "um facho a lavrar o olhar"

Andaste triste mas não foste a tristeza
Sofreste muito mas não foste a dor
Amaste imenso e eras o amor

Cantaste a beleza proferiste a verdade
Encontraste não uma mas a razão de ser
Compreendeste a palavra felicidade

E numa extrema juventude e sob o peso
Precioso da simplicidade
Tudo disseste

Disseste o que devias dizer.


Alexandre O´Neill